Colégio Militar de Manaus completa 40 anos

05/04/2012 09:17

Estudantes e ex-alunos falam da experiência de estudar no CMM, que tem como principal objetivo preparar jovens para entrar na carreira militar

[ i ] Os alunos do Colégio Militar de Manaus afirmam que a formação diferenciada faz com que eles estejam preparados para enfrentar qualquer coisa na vida fora da escola

Manaus - Há 40 anos, no dia 7 de abril de 1972, o Colégio Militar de Manaus (CMM) dava início às suas atividades na capital do Amazonas. Ao longo dessas quatro décadas a escola vem preparando crianças e adolescentes não só para a área militar, mas também para todos os segmentos do mercado de trabalho. 

Criado no governo do presidente Emílio Garratauz Médici, o CMM conta hoje com cerca de 1.070 alunos dos ensinos Fundamental (do 6º ao 9º ano) e Médio e é uma das poucas escolas do Estado que aparecem com boas pontuações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Situado na Rua Luiz Antony, Centro, as instalações do colégio têm mais de 140 anos e serviram de sede para Grupos de Artilharia, Batalhões de Caçadores e até para o Comando Militar da Amazônia (CMA). Desde 1971, o prédio precisou passar por adaptações e hoje conta com 37 salas de aula que atendem alunos filhos de militares do Exército, Marinha, Aeronáutica, policiais militares, bombeiros e civis. O acesso é preferencial para familiares de militares vindos de outros Estados ou outros países, já os civis disputam as vagas remanescentes em concurso de admissão ao público.

De acordo com o atual comandante, coronel Malisia, as comemorações de aniversário estão sendo voltadas principalmente aos alunos que estão de saída. “Estamos buscando outros ex-alunos que estiveram por aqui para falar da experiência e mostrar que o objetivo da escola não é só encaminhá-los à vida militar, mas também para outros caminhos”.

Aluna da escola há sete anos e filha de civis, Jéssica Holanda, 17, cursa o último ano do Ensino Médio e quase não consegue encontrar palavras que possam resumir a importância da experiência na escola militar. “Quando eu cheguei e dei de cara com regras diferentes das que eu estava acostumada, com pessoas de várias regiões do País, de todas as classes sociais, senti uma dificuldade como qualquer pessoa sente”, destacou a garota, que precisou realizar prova para entrar no colégio.

Para ela, mais que ajudar na formação escolar, o CMM serviu também para ajudar a definir o seu caráter. “Aqui eu aprendi a não ter preconceito, conviver com pessoas diferentes das que eu estava acostumada, comecei a ver o mundo de uma forma diferente e me preparar para enfrentar qualquer coisa do mundo lá fora”, afirmou Jéssica, que pretende fazer vestibular para Medicina.

Atual coronel-aluno do colégio, Flávio Luis, 17, também está há sete anos na escola e se prepara para deixar o CMM. Entre as alternativas para o futuro, o rapaz sonha seguir carreira militar e, para isso, se prepara para realizar a prova do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em São Paulo. “Na minha família não temos militares. Meus tios e meus pais fizeram a prova no Ensino Fundamental e todos estudaram aqui, ou seja, é tradição. Foi aqui que decidi que queria ser militar”, contou ele.

Antes dessas atuais ‘mentes brilhantes’, outros nomes importantes para Manaus passaram por ali e hoje tentam colocar em prática o que aprenderam no colégio. O superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Thomaz Nogueira, é um  desses alunos. “Sou um dos pioneiros. Eu estava lá no dia 7 de abril de 1972 e vi o esforço de quem queria  construir boas instalações e unir com ensino de qualidade”, afirmou.

“Dos anos que passei ali tive tempo de construir muitas amizades que me acompanham até hoje. Todos os anos fazemos reuniões para lembrar da época. O curioso é que nesse tempo chegamos a ter aula de frente para uma baste-estaca, que é um aparelho utilizado para enterrar estacas em grandes construções”, lembrou o superintendente.

Assim como Jéssica, Holanda que se forma agora em 2012, o economista e ex-secretário de Planejamento do Estado Denis Minev, que se formou em 1993, a oportunidade de conviver com pessoas de vários Estados ensinou bastante.

“Sempre achei o Colégio Militar um lugar especial, que além da boa educação, ensina apreciar um pouco mais das atividades morais e cívicas. É uma das poucas escolas que você sempre vai encontrar todas as classes, desde o filho do soldado que está na fronteira servindo até o filho de um tenente que vive em Manaus, por exemplo. Acho que isso ajuda a enriquecer  muito a educação de todos”, contou o ex-coronel, aluno da época.

Cada comandante da escola passa cerca de dois anos e desde o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que também foi o fundador, outros 20 coronéis comandaram o colégio nesses 40 anos.