Policial em patrulhamento na Rocinha nesta quarta-feira (Foto: Domingos Peixoto/AE)

Após nove mortes em menos de dois meses na Rocinha, sendo uma delas a de um cabo da Polícia Militar na madrugada desta quarta-feira (4 ), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta tarde que não irá mudar as estratégias de ocupação para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

O policial Rodrigo Alves Cavalcante, de 33 anos, foi baleado em um patrulhamento na comunidade. Foi a terceira morte em menos de dez dias. A vítima chegou a ser levada por colegas para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, onde morreu.
 

“O que tenho a dizer é que nós não vamos fazer em quatro meses o que a ditadura do tráfico fez com a Rocinha e com vários lugares da cidade em 40 anos. Tudo o que o inimigo da paz quer é que mudemos a estratégia e isto não irá acontecer em hipótese alguma. Nós temos motivos suficientes para ir em frente”, disse ele. “Ninguém aqui vai trabalhar com gosto de sangue na boca, porque existe um plano, um projeto, e a mudança se dá dentro de um processo. O recado é que isso não vai fazer com que recuemos um milímetro nessa proposta”, completou.

Aumento de efetivo
Beltrame garantiu ainda que o efetivo na Rocinha vai dobrar até esta sexta-feira (6) e passará a ter 643 homens.”A PM traçou uma estratégia há dois dias, como se trata de um policiamento em uma cidade - a Rocinha é uma cidade, são 100 mil habitantes , maior do que muitos municípios no interior do estado - e isso aumentou a presença da polícia naquele local”, explicou.

O secretário ressaltou que a Rocinha ainda não possui uma UPP e que esta fase pela qual a comunidade está passando é ainda a primeira do processo de pacificação. “Não temos a vitória absoluta, essa vitória está sendo construída e na história dessa construção ontem a vida de um policial vai passar a fazer parte dela. Mas também digo que em cinco anos poupamos duas mil vidas e só no começo desse ano, poupamos noventa vidas, mas infelizmente ainda se perde. Não é fácil, não é fácil, mas nós vamos em frente”, afirmou.

Na Rocinha, o policiamento é feito a pé, com a ajuda de motocicletas e cavalos. A PM informou que se for preciso, usará também helicóptero, porém descartou a possibilidade do uso do Exército, como foi feito no Alemão e na Penha. “A PM e a Civil têm condições de fazer isso. Obviamente podemos ter alguns problemas, mas o projeto é do estado, o estado criou, vai fazer e vai executar”, disse Beltrame.

A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, afirmou que a Divisão de Homicídios investiga a autoria do homicídio do PM Cavalcante. “Foi encontrada uma mochila com identidade, essa pessoa tem mandado de prisão e nesse momento a equipe do Choque que participou do evento está se dirigindo para a DH para fazer o reconhecimento fotográfico”, explicou.