Amigos se despedem de Armando em velório no Centro de Manaus

11/04/2012 08:16

O português era dono do 'Bar do Armando' e fundador da 'Banda da Bica'.
O corpo foi velado na noite desta terça-feira (10), em Manaus.

 

Marivaldo Silva fonte: G1 AM

 
Armando foi vítima de falência múltipla de órgãos na tarde desta terça-feira (10), aos 77 anos (Foto: Mônica Dias)
Armando foi vítima de falência múltipla de órgãos na tarde desta terça-feira (10), aos 77 anos (Foto: Mônica Dias)

Familiares e amigos se reuniram nesta terça-feira (10) no velório de Armando Soares, comerciante português que virou ícone da capital amazonense por fazer de seu estabelecimento, o tradicional ‘Bar do Armando’, um recanto para boêmios e intelectuais de Manaus.

Armando estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Beneficente Portuguesa, no Centro de Manaus, e foi vítima de falência múltipla de órgãos na tarde desta terça-feira (10), aos 77 anos. De acordo com o genro do comerciante, Roberto Carvalho, Aramando passou por várias doenças, como anemia, leucemia e hepatite C, que se desenvolveu e virou uma cirrose.

“Apesar desses últimos três meses entrando e saindo de hospitais, a gente sempre tinha esperança de que ele ia conseguir superar, porque sempre foi uma pessoa muito forte. Essa última semana foi difícil para todos, mas estamos aceitando isso como um descanso para ele. Armando cumpriu sua missão”, disse.

Armando Soares vivia em Manaus desde 1953. Abriu o "Bar do Armando" na década de 70 e foi um dos fundadores da ‘Banda da Bica’, tradicional banda de carnaval que satiriza políticos e anima foliões desde 1987.

Em respeito aos problemas de saúde do comerciante no começo deste ano, a Banda da Bica não saiu nas ruas pela primeira vez desde sua criação.

O corpo foi velado na noite desta terça na Funerária Almir Neves, localizada na Rua Monsenhor Coutinho, 510, Centro. O enterro acontecerá às 16h da quarta-feira (11) no Cemitério São João Batista, na Zona Centro-Sul da capital.

Armando Soares vivia em Manaus desde 1953 (Foto: Mônica Dias)Armando Soares vivia em Manaus desde 1953
(Foto: Mônica Dias)

Um amigo, um irmão, um pai

No velório estavam clientes e amigos do comerciante, que relembravam com nostalgia e tristeza das histórias vividas no famoso ‘Bar do Armando’. “Ele tratava os políticos e os flanelinhas da mesma maneira. Era uma pessoa muito querida por todos, para alguns era como um pai”, disse Antônio Nunes, responsável pela manutenção dos freezers e geladeiras do Bar há 20 anos.

Um dos amigos mais próximos de Armando, o cônsul de Portugal José Azevedo, considera o português um ícone baré. “Ele soube fazer amizades, todos os conheciam pelo bom atendimento, pela alegria. Ele conseguiu fazer do seu estabelecimento o melhor ponto de encontro dos jovens e intelectuais de Manaus, é um ícone da cidade”.

Para o jornalista Mário Adolfo, o ‘Bar do Armando’ é um símbolo de liberdade. “Na época da Ditadura, era um lugar onde a gente podia ser livre pra falar o que quisesse, foi nesse clima que surgiu a ‘Bica’”, declarou o jornalista que é a favor de tornar a Banda um patrimônio cultural de Manaus. “A ‘Bica’ devia ser tombada como patrimônio, acho que essa seria a vontade do Armando”.

O médico Rogelio Casado também deseja que a tradição da ‘Bica’ continue. “Ele foi o português mais brasileiro que eu conheci e fez da Banda algo fenomenal. Ele permitiu que naquele espaço a gente ousasse rir do poder”.