Casos de HPV crescem nos últimos anos na rede pública de saúde do AM

07/11/2012 11:25

Incidência de outras patologias na população está associada ao vírus. HPV é um dos principais causadores do câncer de colo de útero no Estado.

 

Por Marivaldo Silva / Folhaamazonica.com Manaus -AM

 
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Mulher toma vacina contra a gripe em Campinas (Foto: Reprodução EPTV)
Prefeitura de Manaus implantará imunização contra
HPV na rede municipal de ensino
(Foto: Reprodução EPTV)

Doença sexuamente transmissível, o HPV (Vírus do Papiloma Humano) vem crescendo na rede pública de saúde em todo Amazonas. Na capital, o crescimento entre os anos de 2010 e 2011 foi 29,1% em relação as notificações da doença, enquanto no Estado, os números da doença em nove meses de 2012 já chegam a 90% dos casos do ano passado inteiro.

Dados divulgados pelo Departamento de Controle e Prevenção do câncer da Fcecon referentes ao Amazonas apontam que, em 2011, foram 988 casos da doença. Até setembro deste ano, já foram registradas 889 notificações.

Em Manaus, foram registrados 429 casos de lesão de baixo grau no ano de 2010, enquanto que, no ano seguinte, o número saltou para 554 notificações, correspondendo um aumento de 29,1%. Segundo parâmetros adotados pelo Ministério da Saúde, essas lesões são compatíveis como sugestivos de HPV, mas podem ser interpretados como casos confirmados.

Alerta de câncer e risco na vida sexual

Segundo o médico oncologista clínico, William Fuzita, o HPV, além de ser um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de colo de útero nas mulheres, tem gerado o surgimento de outras doenças na população amazonense. “O câncer de colo de útero, de cabeça e pescoço, principalmente de cavidade oral, o câncer de canal anal e de pênis:. todas essas patologias neoplásicas, os tumores malignos, estão relacionados à infecção pelo HPV. O que percebemos é um aumento dessas patologias na Região Norte”, revelou o especialista.

 

A iniciação sexual precoce de jovens e a quantidade de parceiros são os principais fatores apontados como propagador da contaminação do vírus HPV. “Quanto mais jovem e mais parceiros tiver há maior chance da pessoa se infectar com o vírus, tendo chance de desenvolver um tumor cancerígeno. A Organização Mundial de Saúde (OMS) fala que promiscuidade com três parceiros diferentes durante um ano aumenta o risco. Se conversamos com alunos de ensino médio, descobriremos que muitos já tiveram mais de três parceiros sexuais no período de doze meses. Então, percebemos que os jovens estão iniciando vida sexual mais cedo com múltiplos parceiros”, explicou o médico William Fuzita.

Sintomas
Ao serem contaminadas pelo HPV, as mulheres possuem uma desvantagem em relação aos homens no que se refere à percepção dos sintomas do vírus. Conforme o oncologista, isso ocorre devido o órgão sexual feminino ser um cavidade, dificultando a visualização das lesões.

“O grande problema para mulher é que o órgão sexual dela se trata de uma cavidade, diferente do homem, que é um órgão exteriorizado. As verrugas são lesões mais comuns do HPV e, no homem, é mais fácil de detectar, quando ele percebe qualquer alteração recorrer ao médico para avaliar e tomar todas as condutas médicas. Na mulher, há essa dificuldade para visualizar as lesões que podem estar no colo do útero ou no canal vaginal”, esclareceu o médico.

A orientação é que antes de iniciar atividade sexual a mulher deve procurar um ginecologista para receber todas as informações de procedimentos anticoncepcionais e para evitar contaminação de vírus. “Após o primeiro ato sexual é indicado fazer o acompanhamento com diversos exames preventivos, o chamado Papanicolau, que, em alguns casos, deve ser feito anual e, em outros, semestralmente. No início da vida sexual, a mulher fica propensa a contaminação do vírus. Mas, se a mulher, antes de completar um ano, sentir dores, corrimentos ou sangramentos e mau cheiro, ela deve procurar o ginecologista e ser submetida a avaliação médica”, informou Fuzita.

Prevenção

Sessão lotada registrou tumulto em Manaus (Foto: Divulgação/CMM/Plutarco Botelho)
CMM aprovou lei sobre vacinação contra o HPV
(Foto: Divulgação/CMM/Plutarco Botelho)

Estudantes adolescentes da rede pública municipal de ensino de Manaus serão beneficiadas com a implantação do programa de imunização contra HPV. A Lei nº 311, de 28 de agosto de 2012, que garante a imunização das jovens foi aprovada e promulgada pela Câmara Municipal de Manaus (CMM).

De acordo com a nova lei, torna-se obrigatória a vacinação contra o HPV em jovens de 11 a 16 anos, com ênfase às meninas com 11 e 12 anos de idade que integram o grupo de estudantes das escolas da rede pública do município. O trabalho de imunização será coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) em cooperação com a Secretaria Municipal de Educação (Semed). O município terá o prazo de 180 dias, a contar do dia 21 de setembro deste ano (data de publicação da lei), para iniciar o programa de vacinação em toda rede municipal de ensino.

Com a iniciativa de imunização contra HPV, a expectativa é que o número de casos da doença sofra redução em Manaus nos próximos anos. “Como serão vacinadas crianças até se tornaram sexualmente ativa, influenciando na infecção e propagação vai demorar alguns anos. Mas o primeiro passo foi dado e é o caminho certo. O uso da vacina é cientificamente comprovado na diminuição do HPV e das duas correlacionadas”, William Fuzita.

A vacina contra o HPV é indicada para pessoas com idade entre 9 e 26 anos do sexo feminino e masculino. Para garantir a imunização, a pessoa deve receber três doses da vacina. “Se a pessoa tiver poder aquisitivo para comprar a vacina na rede privada de saúde é uma opção recomendada para se proteger do HPV. Uma dose custa a partir de R$ 250 a R$ 400”.

Estudo
Para atuar no controle e prevenção do HPV, a Semsa iniciou o planejamento de uma pesquisa, objetivando realizar levantamento do número de casos da doença em Manaus. As atividades serão conduzidas pela Fundação Cecon em parceria com outras instituições, incluindo a Semsa.

“Nós estamos fazendo um levantamento para uma pesquisa que possa mostrar exatamente quantas mulheres estão com HPV. Nesse momento, estamos na fase de ensaios da pesquisa, realizando ajustes necessários para adequar esse estudo para nossa região com todos os critérios científicos. Por isso, não temos previsão ainda quando vamos começar pesquisa sobre identificação de HPV está com desenho metodológico em fase de finalização”, informou a coordenadora da pesquisa, Rita de Cássia