Com campos alagados, peladeiros da zona sul de Manaus ficam sem futebol

01/06/2012 08:24

 

Jogar futebol no bairro da Bethânia, zona sul de Manaus está cada vez mais difícil. Os dois campos do bairro estão cobertos pelas águas do rio Negro

 
 
Campos de futebol no Bairro da Bethânia

Campos de futebol no Bairro da Bethânia (Carlos Eduardo Souza/RCCOP)

Bater uma pelada nos campos da zona sul de Manaus está cada vez mais difícil. Os campos localizados próximos ao igarapé do 40, no bairro da Bethânia estão cobertos pelas águas do rio Negro. No bairro são dois campos um do lado do outro: Betanhão e Noroeste.

As águas do rio Negro também estão avançando sobre o campo do Lusitânia, no Igarapé do 40, próximo à Avenida Costa e Silva. Outro campo que está prejudicado é o localizado ao lado do Parque dos Bilhares, próximo ao bairro de São Jorge, na zona oeste de Manaus. Além de o campo estar com metade coberto pelas águas, o mau cheiro da poluição faz com que os peladeiros de afastem do local.

“No são Jorge inteiro não temos campo de futebol. Esse é o único que temos perto, mas como está alagado temos que procurar outro local e na maioria das vezes temos de pagar em campos de grama sintética para jogar”, afirmou o industriário Ronaldo Pantoja, morador da Rua da Cachoeira, no São Jorge.

Roberval Martins, 50, é presidente da comunidade do Bairro da Bethânia. Segundo ele, está é a primeira vez que o campo fica alagado e sem condições de jogo. Ele relata que em 2009, quando Manaus registrou a maior cheia depois de 1950, a água avançou três metros próximos da arquibancada, mas não atrapalhou a diversão dos moradores.

“Tem um mês que o campo alagou e ninguém pode jogar. A moçada está batendo bola na quadra da escola aqui perto. Nós temos poucos campos por aqui. Temos esses dois e um no Igarapé do 40, que também está alagado”, afirmou Roberval.

(Na imagem acima um urubu procura peixe no campo do Noroeste, em Manaus)

O campo da Bethania abriga várias competições durante o ano. No primeiro semestre a comunidade realiza o campeonato do bairro, mas nesse ano, assim que terminou a semifinal teve de ser adiado.

“Ainda não sabemos quando vai recomeçar porque não sabemos quando vai voltar ao normal. Temos que esperar, até porque não sabemos como vai ficar o campo. Depois que a água baixar pode ficar buracos e teremos de dar um jeito”, disse.

O microempresário Moisés Lima Maia, 30, disse morador do Condomínio Jardim Brasil, na Avenida Costa de Silva, disse que desde menino joga futebol no campo do Noroeste, mas que esta é a primeira vez que o campo fica impraticável.

“Eu conheço aquilo como a minha mão. Hoje temos um time que inclusive está na final do campeonato, a Ponte Preta. Vamos enfrentar o time da Rua Magalhães Barata, mas só quando o campo secar”, afirmou Moisés.

Segundo ele, a pelada foi transferida para a quadra do condomínio onde mora, pois, jogar futebol é rotina na vida dele. “Todo dia tem de bater uma bolinha. Eu e meus amigos não ficamos sem jogar. Mas no jeito que está a gente vai ficar mais um mês ainda, porque já tem um mês que está alagado”, disse.

Projetos afetados

Além dos campeonatos do bairro, o campo do Betanhão também atende a projetos da Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (SEJEL), como o Projeto Jovem Cidadão, que, apensar de ser centralizado nas escolas, na Bethânia, há a necessidade de utilizar um espaço maior para abrigar a quantidade de alunos.

O projeto volta às escolas na próxima semana, mas o coordenador do Jovem Cidadão, Ricardo Marrocos disse que, pelo menos no momento não há como utilizar o campo devido à enchente. “Nós fazemos um acordo com os administradores para a utilização do espaço, mas nesse ano o Projeto Jovem Cidadão não deverá ser realizado nesse local. Vamos ficar em duas escolas do bairro”, disse Marrocos.