Eleitor em Manaus defende pena de morte e prisão perpétua a corruptos...

09/06/2012 10:26

Pesquisa aponta que, em Manaus, penas defendidas para político corrupto são as de prisão (29%), prisão com trabalhos forçados (26%), prisão perpétua (24%) e morte (10%).

 

Por Marivaldo Silva / Folhaamazonica.com

A pesquisa mostra que 53,2% dos entrevistados em Manaus são contra a pena de morte.

Manaus - De acordo com pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), divulgada esta semana, 10,3% dos entrevistados em Manaus são favoráveis à aplicação da pena de morte a políticos corruptos. A “Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar sobre Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violação de Direitos Humanos e Violência” ouviu 2003 pessoas. A coleta de dados foi feita em 2010 em 11 capitais e em Manaus foram ouvidas 203 pessoas.

O percentual é praticamente o mesmo daqueles que defendem a mesma punição para traficantes de drogas, 11,8%. As demais penas para políticos que praticam atos de corrupção são prisão perpétua (24,1%), prisão com trabalhos forçados (26,1%), prisão (29,7%) e serviços comunitários (9,3%).

Para políticos ouvidos , os números são um reflexo do descrédito que a política ‘conquistou’ nos últimos anos. De acordo com o deputado estadual Luiz Castro (PPS), o resultado é uma reação espontânea e demonstra que o cidadão considera os crimes de corrupção tão hediondos quanto o tráfico de drogas, o estupro e a violência contra mulheres e crianças.

Segundo ele, a indignação social deve vir junto com a fiscalização do que é feito pelos políticos. “É muito fácil responder uma pesquisa, mas na hora de votar não fazem com cuidado. Parece que há uma espécie de repulsa a essas práticas, mas também uma falta de autocrítica por parte dos eleitores ”, afirmou.

Opinião semelhante tem o também deputado estadual Marcelo Ramos (PSB). “É a constatação do desgaste que a classe política vive no nosso País por conta de alguns malfeitores. Agora, é importante fazer uma reflexão, porque as pessoas que exigem isso (pena de morte) são as mesmas que elegem políticos corruptos. Não tem nenhum político que esteja no cargo sem aprovação popular. Ninguém escolhe estuprador, nem traficante, mas vota em corrupto”.

Presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção na Câmara dos Deputados, o deputado federal Francisco Praciano (PT) afirma que o maior problema não está no tipo de punição e sim na aplicabilidade das penas. “A maior punição que se pode aplicar a um político é um julgamento, mas no Brasil não se julga. Mesmo que houvesse pena de morte ou prisão perpétua, ninguém iria morrer ou ser preso, porque não se julga. No Brasil não se vê político na cadeia”."