Más condições da BR-319 faz Humaitá (AM) depender de Rondônia

18/06/2012 20:07

Acesso à capital amazonense, Manaus, só de barco ou avião.
Porto Velho está mais próxima para compras e consultas médicas.

Por Marivaldo Silva / Folhaamazonica.com

 

 
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A BR-319 é o único acesso rodoviário que liga o município de Porto Velho, em Rondônia, a Manaus, no Amazonas. A rodovia também é a singular interligação terrestre disponível entre Manaus e o estado de Roraima com as demais regiões brasileiras. Sem manutenção, o trecho entre Humaitá e Manaus foi sendo destruído pelas chuvas e, em grande parte da rodovia, já não existe a camada asfáltica. Por isso, os moradores de Humaitá têm Porto Velho, a 200 quilômetros do município, como referência em compras, educação e atendimento de saúde.

No ano de 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um investimento de quase R$ 700 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para reabrir a rodovia. Porém, problemas com os processos de licenciamento ambiental em parte da BR, entre o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e o Departamento de Infraestrutura de Transporte (Dnit) não permitiram que a reabertura desse prosseguimento.

Em 2010, o trecho interestadual, que liga os municípios de Porto Velho e Humaitá, foi reinaugurado e, diferentemente do estado de conservação da linha dos municípios do Sul do Amazonas a Manaus, a rodovia permanece bem conservada. Enquanto os humaitaenses não podem se deslocar para a capital do seu estado via terrestre, a referência econômica e de assistência hospitalar é em Porto Velho.

João Rebouças Almeida é representante comercial e realiza o percurso entre Humaitá e Porto Velho uma vez por semana. “Nosso apoio aqui é Porto Velho, principalmente após a reforma nesse trecho. Antes demorávamos cerca de cinco horas para chegar até Rondônia, hoje, como a estrada está um tapete, conseguimos o objetivo em um pouco mais de duas horas”, explica.

José Cidenei Lobo, prefeito de Humaitá (AM) (Foto: Alessandra Curado/G1)
José Cidenei Lobo, prefeito de Humaitá (AM) (Foto: Alessandra Curado)

De acordo com o prefeito de Humaitá, José Cidenei Lobo, após a última pavimentação o turismo no Sul do Amazonas aumentou consideravelmente. “Essa região nossa é muito boa para o lazer, principalmente para a pesca e, com a reforma do trecho que sai de Porto Velho, temos observado um grande número de turistas entre o percurso”, avalia.
O prefeito acredita que a dependência econômica que o município tem de Rondônia vai diminuir quando a recuperação de toda a BR-319 for efetivada, especialmente pela descarga de produtos da Zona Franca de Manaus. “A pavimentação deve ser uma luta de todos os amazonenses”, enfatiza Lobo.

Expectativas

A BR-319 foi inaugurada com total pavimentação na década de 1970 pelo governo militar para integrar os estados brasileiros ao Amazonas e Roraima, que somente era possível através dos rios ou por transporte aéreo.

Na década de 1980, comerciantes e turistas viajavam de ônibus e carro, percorrendo mais de 800 quilômetros até Manaus, através da rodovia. A comerciante Carmem Gonçalves de Queiroz, 67 anos, é de Mato Grosso do Sul e foi uma de várias pessoas que trocaram suas regiões apostando a vida nos arredores da estrada. Carmem possui um ponto de apoio com restaurante e lanchonete no quilômetro 70 da BR.

Carmem Gonçalves sonha em ir a Manaus pela rodovia (Foto: Alessandra Curado/G1)Carmem Gonçalves sonha em ir a Manaus pela rodovia (Foto: Alessandra Curado)

Ao relembrar de como era o fluxo de veículos na época em que se mudou para as imediações da rodovia, em 1984, a comerciante se emociona: “Aqui chegava a passar por dia, em média, sete ônibus e outras centenas de veículos”.

Carmem disse que até chegou a fazer o percurso de Humaitá a Manaus de ônibus. “Era uma maravilha, gastávamos 10 ou 12 horas para chegar até a capital, hoje, ou temos que ter saúde para enfrentar o rio ou muito dinheiro para ir de avião. Já próximo aos anos 1990, a rodovia foi totalmente abandonada”, conta. A comerciante acredita que em breve vai a Manaus via terreste. “Eu tenho fé que esta estrada vai ficar boa novamente e tudo para nós vai melhorar”.