O nível do rio Negro mediu 28,96m, nesta quarta-feira (25), e ultrapassou em dois centímetros a cota de segurança prevista pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que é de 28,94m. O nível está a 81 centímetros de atingir a cheia histórica de 2009, a maior cheia dos últimos cem anos, quando a cota chegou a 29,77m.
De acordo com o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira, o rio Negro subiu seis centímetros de terça para quarta-feira. O número é considerado alto, já que o órgão registrava aumento de três ou quatro centímetros diários no ano da cheia histórica. "Esse crescimento já é considerado acima do normal. Nós temos chuvas acima da média e tudo isso está influenciando a calha do rio Negro e o represamento do rio Solimões", disse.
Segundo o superintendente do órgão, a previsão sobre a ultrapassagem da cheia deste ano em relação a de 2009 ainda não pode ser completamente realizada. Marco Antônio justifica a afirmação ao explicar que as bacias hidrográficas no Estado estão em processo de vazante. "O Purus, Madeira, Juruá e todos os rios da margem direita do rio Amazonas estão em processo de vazante. Toda calha central está tendo as reações, mas o nível do rio Amazonas está estável", acrescentou.
Em 25 de abril de 2009, a cota do rio Negro mediu 28,55m, o que representa 41 centímetros a menos que o registrado na mesma data este ano. A CPRM acredita que o nível ultrapasse 29 metros. "Nós fizemos uma previsão de cheia no fim de março e, se continuar assim, as águas podem ficar entre 29,06m e 29,96m, mas tudo isso vai depender da previsão de chuvas. É difícil falar se vai superar o nível da cheia histórica, mas vai bater os 29 metros", afirmou Oliveira.
Mesmo com a cautela do CPRM, a chefe do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Amazonas, Lúcia Goulart, explicou ao G1 que a descida do nível das calhas de outras regiões do Amazonas não significa que o nível do rio Negro também diminuirá. "Toda a precipitação que atingiu a calha do rio Solimões, nas proximidades da cordilheira dos Andes, e a calha do rio Negro, na Colômbia, está migrando agora para as partes mais baixas do Estado onde está situada Manaus. Então, há sim influência", acrescentou.
Ainda segundo a meteorologista, cidades próximas a Manaus estão com chuvas acima da média e esse também é um dos pontos que influencia a subida do rio Negro. "Quinze municípios estão com precipitação acima da média, principalmente as cidades da Região Metropolitana de Manaus. O mês de abril já é caracterizado por ser um mês que chove muito. Estamos tendo poucas chuvas, mas são fortes. Até mesmo o término do fenômeno La Niña ocasiona muitas chuvas em toda região Norte e tudo isso está ligado", adicionou.
Apoio da Defesa Civil
De acordo com a Secretaria de Comunicação de Manaus (Semcom), a Defesa Civil da capital iniciou o reforço a moradias que podem desabar. Os técnicos do órgão estão construindo pontes para viabilizar o trânsito dos moradores nos locais alagados da capital. Ainda segundo a Semcom, o Governo do Estado deve iniciar a distribuição do cartão "SOS Cheia" nos próximos dias e o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, avalia a situação.