Temporal que atingiu Manaus teve ventos de até 85 km/h, segundo Sipam

31/10/2012 16:04

Por Mariivaldo Silva//Folhaamazonica.com-AM

Rajadas mais fortes foram detectadas no Aeroporto Eduardo Gomes.
Durante temporal, Inmet informou que choveu 81,4 milímetros na capital.

 

 

 
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Árvore caiu na rua Joaquim Nabuco e atingiu três carros (Foto: Mônica Dias/G1 AM)Árvore caiu na rua Joaquim Nabuco e atingiu três carros (Foto: Mônica Dias/G1 AM)

Ventos de até 85km/h foram registrados em Manaus durante o temporal na noite desta terça-feira (30). O registro de velocidade das rajadas dos ventos foi detectado no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). A Defesa Civil diverge do órgão meteorológico sobre suposta emissão de alerta de tempestade.

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De acordo com o Sipam, às 21h20 de terça foram reportados registros de rajadas no aeroporto Eduardo Gomes de 85 km/h. Em seguida, às 22h28, os ventos reduziram a velocidade para 65 km/h.

O Sistema de Proteção da Amazônia explicou que a cidade de Manaus sofreu as consequências de uma forte tempestade, ocasionada pela chegada de uma linha de instabilidade proveniente da região leste, que se intensificou sobre a capital devido ao forte aquecimento. O Sipam informou que os termômetros registraram 36,3°C no início da tarde.

"Embora possam ocorrer durante o ano, tais eventos apresentam maior recorrência nessa época do ano, quando a energia à superfície é mais abundante, produzindo maior aquecimento e o escoamento médio para a região traz mais umidade do oceano. O evento teve atuação pronunciada sobre a zona urbana da cidade", destacou o Sipam.

Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) classificou o fenômeno natural que atingiu Manaus como ventania. Os registros do Inmet apontaram ocorrência de ventos entre 62km/h e 74km/h. A estação pluviométrica do órgão apontou ainda volume de chuva de 81,4 milímetros. O chefe do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Veríssimo Farias, justificou a diferença dos dados pela localização diferenciada onde os registros foram realizados.

"Essa ventania foi gerada pela instabilidade local causada pela Zona de Convergência do Atlântico Sul. Esse fenômeno de forte intensidade e pouca duração são comuns nos meses de agosto, setembro e outubro período mais quente da nossa região em Manaus", esclareceu o especialista.

Placa destruída com a força dos ventos na noite desta terça-feira (Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Placa destruída com a força dos ventos na noite desta terça-feira (Foto: Camila Henriques/Fonte G1 AM)

Veríssimo Farias afirmou que o fenômeno pode ser previsto com radar meteorológico, mas o Inmet não trabalha com o equipamento. Entretanto, ele enfatizou que o Sipam possui o radar. "Sem o radar dificilmente pode se prever o fenômeno de ventania de forte intensidade e pouca duração", acrescentou.

Divergência
Segundo o Sipam, as imagens do radar meteorológico apresentavam às 20h um pequeno ponto indicando uma formação do fenômeno cerca de 30 km a leste da cidade, sugerindo a possibilidade de ocorrência de um evento severo. Diante da previsão, o Sistema de Proteção da Amazônia disse que enviou alerta.

"A Divisão de Meteorologia do Sipam, através do seu plantão, emitiu um alerta às Defesas Civis do estado e do município e à concessionária de energia às 20h15, comunicando a chegada do evento prevista para o intervalo correspondente ao horário entre 20h45 e 21h local", garantiu o Sipam.

Entretanto, a coordenação da Defesa Civil em Manaus rebateu a versão do órgão meteorológico. Ela não teria recebido alerta do Sistema de Proteção da Amazônia sobre a possibilidade de ocorrência de temporal na intensidade do ocorrido na noite de terça.

“Em diversos bairros de Manaus, foram registrados tombamentos de árvores por cima da fiação elétrica, ocasionando assim curto circuito. Nós estamos trabalhando com 400 homens nos bairros em parceria com o Corpo de Bombeiros para que a energia elétrica seja religada até o final da tarde desta quarta-feira” explicou Rosa.

Até às 9h desta quarta-feira, 31, a Defesa Civil do município havia registrado 112 ocorrências, sendo 42 ocorrências de tombamento de árvores. Apenas sete ocorrências foram atendidas até a manhã de hoje.

Na rua Natal, bairro Compensa 2, zona Oeste, uma casa foi completamente destelhada durante a chuva. O proprietário da residência, Deusdete Gomes, 48, industriário, mora há 25 anos no local, e contou que o destelhamento foi rápido. “ Em fração de segundos o telhado foi arrancado com a força do vento, quando olhamos ele já estava envergado em cima da fiação elétrica“, descreveu Gomes, mostrando ainda que na parte superior do imóvel duas quitinetes foram alagadas.

A costureira Maria Francisca da Silva, 63, teve um prejuízo avaliado em R$5 mil em decorrência da chuva. “Sempre trabalhei como costurei, e nunca vi isso acontecer. Moro e trabalho sozinha, quando o telhado foi arrancado entrei em desespero, um vizinho que me socorreu e me ajudou a sair de dentro do quitinete. Não consegui salvar nem meus documentos“, mostrou Maria.

Na agência do Banco Itaú, localizado na avenida Brasil, bairro Compensa, zona Oeste, avisos foram afixados na frente do banco: “Estamos sem energia“.

Clientes que procuraram a agência foram pegos de surpresa. A aposentada, Teresinha Gama da Silva, 69, foi até a agência para receber o dinheiro da aposentadoria.

“Vou acabar desistindo de receber meu dinheiro hoje, pois cheguei aqui cedo e agora o sol já está começando a ficar mais forte. Não vou aguentar ficar aqui fora no calor e em pé “ disse Teresinha.

A equipe do D24AM registrou ainda uma embarcação no Porto da Manaus Moderna que naufragou. Não houve vítimas fatais.

Segundo a Eletrobras Amazonas Energia, os bairros da Aparecida, Centro, Ponta Negra, Chapada, Vieiralves, Cachoeirinha, São Geraldo, Parque das Laranjeiras, Presidentes Vargas, Coroado 3, Compensa 1, 2, 3, Santo Antônio, São Jorge, Glória ficaram sem energia até o início da tarde.